13 de September de 2025
|Autor: Maurício Monteiro
São João Crisóstomo – bispo e doutor da Igreja

Origens
João Crisóstomo veio ao mundo por volta de 349, em Antioquia, região da Síria, na Ásia Menor. Pertencia a uma família abastada e bem vista pela sociedade e pelo Império. Seu pai, oficial de alto escalão no exército oriental, faleceu prematuramente. A mãe, Antusa — hoje reconhecida como santa — era uma mulher de fé e caridade exemplar, que se dedicou integralmente à formação do filho, confiando sua educação aos mestres mais renomados da época, tanto no campo intelectual quanto religioso.
Dom da Palavra
Desde cedo, João mostrou-se brilhante no uso da oratória. Entre seus professores esteve o célebre Libônio, que enxergava nele o sucessor natural de sua própria escola. Porém, o mestre ficou surpreso ao ver o jovem preferir os caminhos da fé ao da retórica. “Se os cristãos não o tivessem arrebatado de mim...”, lamentou Libônio.
A verdade é que João se deixou conquistar pelo estudo das Sagradas Escrituras. Frequentava o círculo de amigos de Diodoro, futuro bispo de Tarso, e tinha especial devoção aos escritos de São Paulo, aos quais dedicou reflexões e comentários profundos.
Vocação
Ordenado sacerdote pelo bispo Fabiano, João já demonstrava, desde o diaconato, uma habilidade singular para explicar a Palavra de Deus ao povo. Antes dessa etapa, viveu também a experiência do deserto: seis anos em vida eremítica, sendo os dois últimos numa gruta. Essa vivência moldou nele uma austeridade que daria ainda mais força e autenticidade às suas pregações.
Caridade
A mensagem de João Crisóstomo tinha como marca o amor concreto aos mais pobres. Insistia para que monges praticassem a caridade e se desapegassem dos bens, enquanto exortava os leigos a evitarem a vida desregrada. Sua pregação valorizava mais o espírito que os prazeres passageiros.
Era visto como um verdadeiro moralista — em sentido positivo —, num tempo em que era comum extrair das Escrituras orientações práticas para a vida cristã.
Constantinopla
No ano de 397, já com 50 anos, João foi chamado a assumir o patriarcado de Constantinopla, sucedendo Nectário. Embora ganhasse maior visibilidade e proximidade da corte imperial, manteve-se o mesmo: firme contra a corrupção e fiel ao Evangelho. Essa postura reta conquistou o povo, mas lhe rendeu a antipatia da nobreza e de parte do clero, acostumados a privilégios.
Perseguições
João não poupava críticas à indolência e aos vícios, inclusive dos próprios clérigos. Muitos sacerdotes foram afastados por ele, e até o bispo de Éfeso foi deposto. Tal firmeza alimentou intrigas, lideradas pelo patriarca de Alexandria, Teófilo, e pela imperatriz Eudóxia.
Em 403, num sínodo realizado em sua ausência, João foi condenado ao exílio. Contudo, a reação popular obrigou seu retorno a Constantinopla. Pouco tempo depois, em 404, uma nova perseguição o levou novamente ao desterro, onde passou a enfrentar solidão e graves problemas de saúde.
Últimos Dias
Expulso pela segunda vez, debilitado, João não resistiu às provações do exílio. Morreu em 407, em Comana, no Ponto. Ficou conhecido para sempre como “Crisóstomo” — expressão que significa “boca de ouro” — pela eloquência e profundidade de sua palavra.
Oração
“São João Crisóstomo, defensor da fé verdadeira, ajudai-nos a permanecer firmes contra as armadilhas do inimigo e contra as ideologias que afastam de Cristo. Fazei crescer em nós a fé e conduzi-nos ao encontro vivo com Jesus. Rogamos também pelos pregadores do nosso tempo, para que anunciem o Evangelho com coragem e fidelidade. Amém.”
Autor: Maurício Monteiro