13 de July de 2025

Santa Teresa dos Andes, padroeira dos jovens da América Latina

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Teresa de Jesus dos Andes põe-nos diante dos olhos o testemunho vivo do Evangelho, encarnado até às últimas exigências na sua própria vida.

Ela é, para a humanidade, prova indiscutível de que a chamada de Cristo à santidade é actual, possível e verdadeira. Ela ergue-se diante de nós para demonstrar que a radicalidade do seguimento de Cristo é o único que vale a pena e o único capaz de fazer-nos felizes.

Teresa dos Andes, com a eloquência duma vida intensamente vivida, confirma-nos que Deus existe, que Deus é amor e alegria infinita, que é a nossa plenitude.


História de Santa Teresa


Juana Fernández Solar, Santa Teresa de “Los Andes”, carmelita mais jovem a receber o reconhecimento de sua santidade pela Igreja, é a primeira santa do Chile; nasceu em 13 de julho de 1900. Foi a quarta filha do casal Miguel Fernández Jaraquemada e Lúcia Solar Amstrong; depois nasceram ainda dois irmãos: Rebeca e Inácio, os seus preferidos, conforme ela mesma escreveu. De caráter tímido e sensível, que nos tempos se transformou em violento e com ataques de raivas ferozes, o que sua mãe atribuirá ao fato de Juanita ter inalado muito clorofórmio durante a cirurgia de apendicite em 1913, que causou efeitos que a tornaram intranquila por um tempo.


Seus pais, Miguel e Lúcia, a educaram em um ambiente cristão. Aos seis anos passou a participar da Missa quase diariamente ao lado de sua mãe.

Essa vivência nutriu no coração da menina o grande desejo de receber a primeira comunhão, o que aconteceu em 1910. A partir de então, procurava comungar todos os dias e gostava de passar longos momentos em um íntimo diálogo com Jesus.


Estudou durante 11 anos no Colégio do Sagrado Coração e nos últimos três anos passou para o regime de internato. Nessa ocasião, precisou assumir com resignação o distanciamento de seus familiares, algo que ela se julgava incapaz de fazer, pois era muito dedicada à família.

Foi aos 14 anos que sentiu confirmada a sua vocação à vida religiosa. A troca de correspondências com a superiora das carmelitas dos Andes a ajudou a amadurecer este chamado até que, aos 17 anos, começou a expressar o desejo de ser carmelita.


Vida Espiritual


Cristo foi o seu ideal, o seu único ideal. Enamorou-se d'Ele e foi consequente até crucificar-se em cada momento por Ele. Invadiu-a O amor esponsal e, por isso, o desejo de unir-se plenamente a Quem a havia cativado. Assim, aos 15 anos fez voto de virgindade por nove dias, que renovou depois continuamente.

A santidade da sua vida resplandeceu nos atos ordinários de cada dia em qualquer ambiente onde viveu: a família, o colégio, as amigas, os vizinhos com quem passava parte das suas férias e a quem, com zelo apostólico, catequizou e ajudou.

Sendo jovem igual a todas as suas amigas, estas reconheciam-na diferente. Tomaram-na por modelo, apoio e conselheira. Juanita sofreu e gozou intensamente em Deus as penas e alegrias comuns a todas as pessoas.

Jovial, alegre, simpática, atraente, desportista, comunicativa. Adolescente ainda, alcançou perfeito equilíbrio psicológico e espiritual, como fruto de ascese e oração. A serenidade do seu rosto era o reflexo do Deus que nela vivia.


Segundo a própria Santa Teresa dos Andes, a primeira Eucaristia foi o grande marco de sua vida, tendo esse dia como um divisor de águas. “Jesus-Eucaristia”, como ela vai chamá-lo, será seu companheiro por toda a vida. O dia de sua Primeira Comunhão também marcou o início das locuções interiores de Jesus; Juana não suspeitava do caráter excepcional dessa graça e Jesus sempre lhe falava muitas coisas depois da Comunhão. Também tinha especial devoção à Santíssima Virgem, com quem conversava muito, e rezava o rosário todos os dias; afirmou que só não o rezou uma vez na vida. Santa Teresa dos Andes leu a História de uma alma, de Santa Teresinha do Menino Jesus, e foi aconselhada por Madre Rios (religiosa e sua professora) a ler também a vida de Santa Teresa de Ávila. Também teve contato com os escritos de outra carmelita: Santa Elisabeth da Trindade, que incutiu em sua alma o grande desejo de viver escondida em Jesus Cristo e reconhecer a cada dia que era morada da Santíssima Trindade.


Teresa exerceu intensa vida apostólica antes de ingressar no Carmelo: era caridosa com os pobres: certa vez, rifou seu relógio para ajudar um menino necessitado, de nome Juanito; também dava aulas de catecismo às crianças. Em março de 1919 aconteceram missões em San Pablo, lugarejo chileno muito humilde. ela e sua irmã Rebeca participaram, muitas vezes andando a cavalo para entronizar imagens do Sagrado Coração de Jesus nas casas.


A vida no Carmelo


Nas atas para a beatificação de Teresa dos Andes, a Irmã Maria dos Anjos afirmara que “Ir. Teresa, sem dúvida, já entrou santa no convento”. Sua vida tão curta – mais breve que a da própria Santa Teresa de Lisieux – divide-se em duas partes, conforme escreveu nas páginas introdutórias de seu Diário: “Minha vida divide-se em dois períodos: mais ou menos desde a idade da razão ATÉ MINHA PRIMEIRA COMUNHÃO e DESDE A MINHA PRIMEIRA COMUNHÃO ATÉ AGORA, ou melhor, até a entrada de minha alma NO PORTO DO CARMELO. Jesus me cumulou de favores tanto no primeiro período como no segundo.” (Diário, Introdução). 


Em 17 de setembro, fez o pedido oficial à Madre Angélica, priora do Carmelo dos Andes, recebendo resposta favorável; contudo, era necessária a autorização de seus pais. Em 06 de abril chega a carta do pai, permitindo-lhe finalmente o ingresso no Carmelo. Em 07 de maio de 1919, Juana entra nas carmelitas de “Los Andes”, passando a chamar-se Irmã Teresa de Jesus. 


Essa é a primeira impressão que Teresa dos Andes comunica às pessoas amigas que lhe perguntam sobre a sua nova vida: "Tudo no Carmelo está impregnado da sua divina presença. Respiramo-Lo, por assim dizer, em tudo". "Que lhe direi da minha vida de cela? Cada dia dou mais graças a Deus pela minha vocação, cada dia ela torna-se mais formosa para mim e tanto mais formosa quanto mais penetro nela. Oh, se pudesse fazer-lhe experimentar a felicidade que se sente quando não se tem na vida outra ocupação que a de amar e contemplar; quando a alma engolfada no Oceano da divindade perde de vista a ribeira do mundo (…) Dei início à minha eternidade. Tenho tudo. Só me falta ver a Deus cara a cara.


"Esta é a vocação da Carmelita: ser hóstia pura que continuamente se oferece a Deus pelo mundo pecador. Que grande e extenso é o modelo que Nosso senhor apresenta a cada carmelita! Que imolação! Que esquecimento de si mesma! Que pureza encerra! E tudo no silêncio e no recolhimento."


"Hoje faz oito dias que morri para o mundo para viver escondida no Coração infinito do meu Jesus. Sou feliz; a criatura mais feliz do mundo. Estou a começar a minha vida de céu, de adoração, de louvor e amor contínuo. Parece-me que já estou na eternidade porque no Carmelo o tempo não se sente. Estamos submergidas no seio da Trindade Imutável."


"Vivemos só para Jesus. E assim como os anjos no céu cantam incessantemente os seus louvores, a Carmelita secunda-os aqui na terra, já seja perto do sacrário onde está prisioneiro o Deus-Amor, ou no íntimo do céu da sua alma, onde a fé lhe diz que Deus mora. A nossa vocação tem por objeto o amor, que é o maior que o coração do homem possui. Esse amor reside dentro da sua alma desde o dia em que Jesus pôs nela o gérmen da vocação. É uma fogueira onde a alma se consome e se funde com o seu Deus". "Que bonita é a nossa vocação! Somos redentoras de almas em união com o nosso Salvador. Somos as hóstias onde Jesus mora".

-"A verdadeira Carmelita, segundo entendo, não vive. Deus é que vive nela. Isso é o que trato de realizar: contemplar incessantemente o Ser Divino, perdendo o meu nada no seu Oceano de caridade".


Morte de Santa Teresa


Em março de 1920, iniciada a Quaresma, Irmã Teresa comunica ao seu confessor, Padre Avertano, que vai morrer dentro de um mês; pede autorização para intensificar sua penitência pelos pecados da humanidade. Sem dar importância ao anúncio, como única resposta o confessor lhe diz que se coloque nas mãos de Deus com inteira disponibilidade. Foi o que fez, dedicando-se ainda mais aos trabalhos, na entrega à oração e na vivência fraterna com suas coirmãs. Seis médicos atenderam Irmã Teresa, sem saber o motivo da misteriosa febre que a acometeu; sofreu frequentes delírios, que esclareceram o diagnóstico: estava doente de tifo. No dia 06 de abril, fez sua profissão religiosa, repetindo três vezes, emocionada, a fórmula de consagração ao Senhor e agradecendo à comunidade a graça de poder realizar a profissão antes do tempo, pois ainda não havia completado seu Noviciado. No dia 12 de abril, às 19:45h adormeceu docemente nos braços do Senhor. Irmã Teresa de Jesus morreu com 19 anos e nove meses, sendo apenas onze meses como carmelita.


Em 20 de março de 1947 teve início o processo diocesano em vista da beatificação de Irmã Teresa; em 22 de março de 1986, é emitido o decreto de reconhecimento de suas virtudes heroicas. Em 13 de abril de 1987, Irmã Teresa de Jesus foi beatificada pelo Papa João Paulo II. Em 21 de março de 1993, o mesmo Papa a canonizava em Santiago do Chile e dizia que “A Luz de Cristo para toda a Igreja chilena é a Irmã Teresa de Los Andes’, Teresa de Jesus, carmelita descalça e primícias de santidade do Carmelo Teresiano da América Latina.”

Na homilia de canonização de Santa Teresa, João Paulo II assinalou ainda que, “a uma sociedade secularizada, que vive de costas para Deus, esta carmelita chilena, que viveu com alegria apresentada como modelo da perene juventude do Evangelho, oferece o testemunho límpido de uma existência que proclama aos homens e mulheres de hoje que no amar, adorar e servir a Deus estão a grandeza e a alegria, a liberdade e a realização plena da criatura humana”.


O Pontífice ressaltou que a vida de Santa Teresa “grita suavemente a partir do claustro: ‘só Deus basta!’” e este é um grito “especialmente aos jovens, famintos de verdade e em busca de uma luz que dê sentido a suas vidas”.

“A uma juventude solicitada pelas contínuas mensagens e estímulos de uma cultura erotizada e uma sociedade que confunde amor genuíno, que é doação, com o uso hedonista do outro, esta jovem virgem dos Andes proclama hoje a beleza e bem-aventurança que emana corações puros”, acrescentou.


REFERÊNCIA: PURROY, Pe. Marino. Deus, alegria infinita: Diário e Cartas de Santa Teresa dos Andes


Publicado em 13 de July de 2025 — Categoria: Santo do Dia
Autor: Naely Matos
Santa Teresa dos Andes, padroeira dos jovens da América Latina