12 de July de 2025

São Luís e Santa Zélia, os pais de Santa Teresinha

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São Luís Martin e Santa Zélia Guérin, foram o primeiro casal a ser canonizado em uma mesma cerimônia na história da Igreja. 

Quem são Santa Zélia e São Luís?

São Luís nasceu em 1823 em Bordeaux, na França. Era filho de um capitão do exército e recebeu uma educação severa e cristã. Na idade de escolher sua profissão, decidiu seguir um caminho distinto do pai, optando pelo ofício de relojoeiro. Durante a adolescência crescia o anseio de adentrar à vida religiosa, chegou até mesmo a tentar ser aceito em uma comunidade, mas teve o pedido negado por não saber latim. Depois de viver por três anos em Paris, Luís sentiu-se insatisfeito com o clima revolucionário que crescia na capital e, por isso, mudou-se para Alençon, onde montou sua oficina e prosperou, obedecendo sempre aos preceitos da Santa Igreja e sendo um homem prudente e responsável.

Santa Zélia teve uma história semelhante à do seu futuro esposo. O pai era militar, teve uma educação religiosa muito rigorosa. Na adolescência desejou seguir a vida religiosa, mas percebeu que essa não era a sua vocação. A princípio, Zélia ajudava a sua mãe com os negócios da família, mas depois aprendeu a tecer rendas, o que a levou a ter sua própria fábrica e a vender para a alta sociedade francesa. 

A Família Martin

Quando se casaram, tinham certa idade, mal se conheciam e tinham desejos frustrados. Luís Martin, homem bom, fechado, relojoeiro, desejava ser monge no mosteiro de São Bernardo, escondido entre as neves dos montes, mas foi dispensado só porque não conhecia latim. Zélia Guerin, uma modesta empresária das “rendas de Alençon”, mulher boa, invejava a sua irmã religiosa Visitandina e desejava ser religiosa vicentina, mas sem mais nem menos foi-lhe dito na cara que não pensasse nisso, porque não tinha vocação. Houve assim um casamento “meio arranjado” pela mãe de Luís Martin, preocupada em ver sozinho seu filho, quase quarentão.

No Matrimônio, duas visões contrárias: Luís Martin queria viver um Matrimônio casto, “irmão e irmã”, e Zélia anseava ter muitos filhos. Um diretor espiritual sábio lhes recorda que a finalidade do Matrimônio são os filhos e o problema está resolvido.

A dor sempre esteve presente na vida de Luís e Zélia. Na família Martin, dos nove filhos que tiveram, quatro morreram em idade infantil; as quatro filhas que sobreviveram tiveram uma infância frágil, marcada pela doença, especialmente Teresinha e Leônia. A morte prematura da mãe por câncer, quando a pequena Teresa tinha 4 anos e meio, obrigou o pai a deixar Alençon, França, e se estabelecer em Lisieux, no mesmo país.

Mudaram-se para Lisieux para estar mais perto do seu cunhado Isidoro, farmacêutico considerado bom administrador e o intelectual da família. Zélia tinha muita confiança nele e antes de morrer pediu que tivesse particular atenção à educação de suas filhas.

Foi grande a dor das filhas em ver, nos últimos anos de vida, o pai internado no hospital São Salvador, hospital de loucos; nos momentos de sua loucura, ele pegava o revólver e dizia que queria defender suas filhas. Luís Martin era uma pessoa boa, terna, delicada, voltada à religião e à família, amava viajar e nem sempre tinha o tino de educar as filhas e de corrigi-las na idade da “juventude”.

O que Santa Teresinha dizia sobre os seus pais?


Naturalmente, Santa Teresinha nutria uma profunda admiração por São Luís e Santa Zélia, e desejava seguir os seus passos. Ela aprendeu a rezar e a ter uma vida piedosa com o exemplo que recebia deles. 

A História de uma alma, que mais tarde Teresa do Menino Jesus escreverá, para “que não se perdessem as lembranças familiares”, como dizia especialmente sua irmã e sua própria Madre Inês, deixa-nos o elogio mais belo de seus pais: “O bom Deus me deu um pai e uma mãe mais dignos do Céu que da Terra”. Teresa já enxergava o quanto os seus pais tinham uma conduta santa, e foi justamente o que inspirou as filhas a ingressarem no Carmelo e Teresa a ser santa e — pobre e humilde serva, jamais imaginava — Doutora da Igreja.

Em suas meditações podemos perceber claramente o quanto Teresinha amava a sua família, que ela carinhosamente chamava de “Familiazinha”. Por diversas vezes ela relata o quanto sentia-se feliz por ter uma família tão honrada e tão dedicada a Deus.

“Estou feliz de ver o bom Deus tão bem servido por aqueles que amo, e me pergunto por qual razão Ele me deu a graça de pertencer a uma família tão bela.” Teresa também diz, ao recordar a sua infância, que aprendeu a buscar virtudes com os pais. Ela chega a dizer que a família é uma escola de virtudes e, que se não fosse pelo exemplo de São Luís e Santa Zélia, “ter-me-ia tornado muito má e talvez me tivesse perdido… Não tenho à minha volta senão bons exemplos, queria, naturalmente, imitá-los.”

O que a vida de São Luís e Santa Zélia Martin nos ensina?

Como a própria Santa Teresinha disse, a família precisa ser uma escola de virtudes. São Luís e Santa Zélia souberam perfeitamente formar os filhos na conduta reta e santa. Eles são um exemplo para os pais modernos que, na maioria das vezes, não buscam o aperfeiçoamento de si próprios, ou transmitem ensinamentos virtuosos para os filhos. 

Outro exemplo que a vivência da família Martin pode nos dar é a generosidade para com Deus, a confiança e entrega total à Divina Providência. Em meio a tantas turbulências — a perda de 4 filhos, a doença de Zélia e os negócios beirando à falência — souberam manter a serenidade e a paz de espírito. Os Santos transmitem segurança e ensinam as filhas a amar e confiar em Cristo, que tudo nos provê.

São Luís e Santa Zélia nos dão testemunho de seu amor e fidelidade à Santa Igreja. Aproximavam-se com frequência dos sacramentos, entregavam o Domingo ao Senhor, fechavam os comércios, preferindo perder o lucro a perder a alma. Esse amor à Igreja era a expressão transbordante do amor que nutriam por Nosso Senhor.

São Luís e Santa Zélia foram beatificados no dia 19 de outubro de 2008, em Lisieux, e foram canonizados no dia 18 de outubro de 2015, no fechamento do Sínodo sobre a Família. 

“Este ano hei de ir, bem cedinho, ter com a Santíssima Virgem. Quero ser a primeira a chegar. Não lhe pedirei mais filhinhas; rogar-lhe-ei somente que faça santas as que me deu e que eu não lhes fique muito atrás; mas é necessário que elas sejam bem melhores do que eu.” De fato, Nossa Senhora atendeu carinhosamente ao pedido de Santa Zélia.

Oração aos Santos Luís e Zélia Martin:

Santos Luís e Zélia Martin, após sentirdes o desejo de vida religiosa, ouvistes o chamado do Senhor para a vocação do casamento. Sois os “pais sem igual” de quem vossa filha Santa Teresinha do Menino Jesus fala; os afortunados pais de Leônia, a Serva de Deus, Irmã Francisca Teresa; de Maria, Paulina e Celina, transplantadas para o Monte Carmelo; e dos quatro filhos tirados de vosso afeto na juventude: Helena, José, João Batista e Melânia Teresa.

Destes toda a glória a Deus através de vosso trabalho humilde e paciente, do compromisso com os pobres e de vossa vida familiar, onde reinava a felicidade de amar e ser amado. Vivestes a vida cotidiana concretamente através das alegrias e tristezas de

vossa existência. Amai-nos como a vossos próprios filhos, com o coração de um pai e o coração de uma mãe, porque sois amigos de Deus. Ouvi nossa oração e nosso pedido (fazer o pedido) e intercedei por nós junto a Deus Pai, através de Jesus Cristo, Nosso Senhor, a graça do Espírito Santo. Amém.

Referências:

Ensinamentos de Santa Teresinha

História de uma Alma

  1. A Família de santa Teresinha, frei Patricio Sciadini OCD


Publicado em 12 de July de 2025 — Categoria: Santo do Dia
Autor: Naely Matos
São Luís e Santa Zélia, os pais de Santa Teresinha