11 de July de 2025

São Bento, padroeiro da europa

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Quem foi São Bento?

Infância e juventude

São Bento nasceu no ano de 480, em Núrsia, na Itália. Fortemente inclinado desde cedo à oração, e por ser de família nobre, pode se dedicar ao estudo ainda jovem. Estudou artes liberais em Roma, até o dia em que, influenciado por Romano, um eremita, resolve se retirar para uma gruta, no monte Subíaco, para se dedicar exclusivamente à oração e à contemplação. Tinha somente 20 anos.

Passou 3 anos isolado, até que tendo descoberto seu isolamento, bem como sua sabedoria e santidade, várias pessoas passaram a buscá-lo para pedir conselhos e orações.

Sua fama de santidade foi se estendendo tão rapidamente que, perto dali, um convento de monges, que ficara sem superior, se dirigiu a São Bento para que este regesse o convento, na cidade de Vicovaro. E ele aceitou, após muita insistência dos monges. Porém, a vida que aqueles monges levavam em nada condizia com o ideal de São Bento, o que gerou inimizade a tal ponto de tentarem envenená-lo. Ao levarem para ele uma taça de vinho envenenado, este o abençoou, como fazia de costume, o que fez com que a taça se rompesse em sua mão. Imediatamente São Bento se levantou, e disse: “Deus tenha compaixão de vós, irmãos. (…) Não vos disse eu previamente que não harmonizavam os vossos e os meus costumes?” Dito isso, retornou a seu isolamento em Subíaco.

Monge e fundador de mosteiros

Com o tempo, São Bento amadurece a ideia de fundar mosteiros que levariam à vida exemplar que tinha como ideal. Aos 40 anos ele sai da gruta em que residia para fundar, no sul de Roma, aquele que seria o referencial de mosteiros para todo o ocidente: Mosteiro de Monte Cassino. Ali, ele começou a moldar a diretriz de vida monástica que pauta a vocação dos monges até hoje. A única mudança necessária, entendida por São Bento, é que a vida do monge deve ser comunitária, e não mais solitária numa gruta, tendo, diante de si, a direção de um abade.

“Como o santo homem [São Bento], vivendo muito tempo naquela solidão, crescesse em virtude e milagres, foi reunindo muitos naquele lugar para o serviço de Deus Todo-poderoso. Pode, assim, construir, com a ajuda de Jesus Cristo, Senhor onipotente, doze mosteiros, em cada um dos quais colocou doze monges sob um abade instituído.”

Muitas eram as famílias romanas que enviavam seus filhos para serem educados pelos monges. Logo no início já surgiram homens santos, a exemplo de São Bento, como São Mauro e São Plácido, dentre muitos outros, que entendendo o espírito monacal, foram grande auxílio para que a Regra de São Bento logo criasse forma e solidez.

Derrotou o diabo

Dentre as muitas obras magníficas e milagrosas de São Bento, sem dúvida, a forma como ele combatia o demônio na vida espiritual é o que ganha mais destaque. Certa vez, o espírito maligno entrou em um de seus monges, prostrando-o por terra e o atormentando ferozmente.

“Quando o homem de Deus [São Bento] de volta da oração, viu o monge assim cruelmente maltratado, deu-lhe uma bofetada apenas e com isso logo expulsou o espírito mau, que não ousou voltar a agredir o velho.”

A morte de São Bento

Depois de sepultar Santa Escolástica no túmulo que havia preparado para si — apenas 40 dias após o falecimento de sua irmã — São Bento entrega sua alma a Deus, no mosteiro que fundou por primeiro. O santo faleceu de pé, na capela, com as mãos elevadas ao céu.

Com a sua morte, sua fama e vida de santidade, bem como a de sua irmã, mais e mais se difundiram em todo o Ocidente. A partir da Regra de São Bento, muitas ordens e almas se inspiraram no lema criado por São Bento: ora et labora, oração e trabalho.

Tão logo após sua morte, os mosteiros beneditinos tornaram-se, sobretudo na Idade Média, importantes centros de referência, tendo saído deles inúmeros santos, papas e ícones para a Igreja.

São Bento é, por sua influência, considerado o Patriarca dos monges do Ocidente e o padroeiro da Europa. Foi canonizado no ano de 1220 e sua festa é celebrada hoje dia 11 de julho.

A Regra de São Bento

A Regra de São Bento nada mais é que um livro escrito por São Bento com todas as regras para a vida monástica comunitária. Possui 73 capítulos curtos.

A Regra tem por prioridade a prática do silêncio, da oração, do trabalho, do recolhimento, da obediência e da fraternidade. É por essa regra que a Ordem de São Bento se mantém inabalável após mais de 1500 anos, sendo ela o referencial de vida para muitos mosteiros do ocidente e para muitos leigos que buscam a vida de santidade no cotidiano.

Na Regra, São Bento conta, de modo claro e simples, tão somente aquilo que ele viveu. Nos narra São Gregório, no livro que fala da vida de São Bento, o seguinte: “Se, pois, alguém quiser conhecer mais exatamente os costumes e a vida do santo Pai, poderá encontrar nos preceitos dessa Regra todas as ações que ele praticou como mestre, pois o santo homem de modo nenhum pôde ensinar outra coisa senão aquilo que ele mesmo viveu.”

A Regra inicia com a célebre frase, que identifica, e muito, toda a espiritualidade beneditina: “Escuta, ó filho, os preceitos do mestre, e inclina os ouvidos do teu coração.” O monge que quer seguir tão bom mestre, como foi São Bento, deve ser formado na escola da escuta.

Cruz, medalha e oração de São Bento

A cruz de São Bento tem sua origem no próprio santo. As primeiras medalhas, que eram feitas no Monte Cassino, possuíam a cruz como principal símbolo, pois foi por ela que São Bento evitou inúmeros perigos, sendo um poderoso sinal contra o mal e contra a morte.

A medalha de São Bento, por sua vez, foi sofrendo variações como o passar dos séculos, mas pode ser considerada como um dos maiores símbolos de São Bento, pois carrega em si, além da Cruz de São Bento, toda uma simbologia essencial para a espiritualidade beneditina.

Nas medalhas mais antigas se encontra a figura do santo desenhada, com a frase em latim: “Eius in obitu nostro presentia muniamur” (que na hora de nossa morte, nos proteja tua presença). Atualmente, é comum lermos, junto da imagem de São Bento, a seguinte frase: Crux Sancti Patris Benedict (Cruz Santa do Pai Bento), ou, ainda, somente “Sanctus Benedictus” (São Bento).

No verso da medalha, vemos a figura da cruz de São Bento, com as seguintes inscrições:

CSPB – Crux Sancti Patris Benedicti

CSSML – Crux Sacra Sit Mihi Lux

NDSMD – Non Draco Sit Mihi Dux

VRS – Vade Retro Satana

NSMV – Nunquam Suade Mihi Vana

SMQL – Sunt Mola Quae Libas

IVB – Ipse Venana Bibas

Cruz do Santo Pai Bento

A Cruz Sagrada seja a minha luz

Não seja o dragão o meu guia

Retira-te satanás

Nunca me aconselhe coisas vãs

É do mal o que tu me ofereces

Bebas tu mesmo do teu veneno.

Em 1942, o Papa Clemente XIV aprovou o uso da medalha como um instrumento de adoração e devoção de fé, fazendo com que ficasse claro que tal medalha não é e não pode ser usada simplesmente como um amuleto supersticioso.

A oração de São Bento, inspirada na sua medalha e cruz, é uma poderosíssima arma contra o diabo, nas horas de dificuldade e de perigos, podendo ser rezada diariamente por todos os fiéis.

Referências:

Vida de São Bento, São Gregório


Publicado em 11 de July de 2025 — Categoria: Santo do Dia
Autor: Naely Matos